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ARTIGOS DE FUNDO - O rumor influencia mais que os factos na formação de uma reputação
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Os rumores afectam a reputação de qualquer um, no bom ou no mau sentido, inclusive quando se tenha constatado que são falsos, assegura uma investigação recente.
Cientistas alemães descobriram que um rumor sobre um indivíduo concreto, entre um grupo de pessoas, tem mais poder no comportamento e julgamento destas para com esse indivíduo que as observações directas sobre o mesmo.
Os rumores são as especulações não confirmadas sobre um objectivo determinado. Considera-se informação não contrastada, que raras vezes se divulga abertamente, o que não impede a sua rápida expansão e costumam carecer de uma fonte original bem definida. Apesar de tudo, parece que acreditamos nisso sem duvidar.
Em sentido positivo, os rumores reforçam as normas grupais e os laços sociais, segundo assinalaram diversos estudos, enquanto a reputação ajuda a determinar a cooperação entre os grupos humanos. Numa perspectiva evolutiva, são funcionais como ferramenta para construir e manipular as reputações, assim como uma maneira de entretenimento. Mas, também, podem originar comportamentos negativos para outras pessoas porque afectam as opiniões que nós formamos sobre os outros.
Reciprocidade indirecta
Para determinar até que ponto condicionam esses comportamentos, Ralf Sommerfeld, um estudante de doutoramento do Instituto Max Planck de Biologia Evolutiva, em Plön, na Alemanha, em colaboração com investigadores da universidade de Viena, realizaram um estudo baseado num jogo, cujos resultados foram publicados na revista Proceedings of The National Academy of Sciences.
A experiência consistiu em dar 10 euros por cabeça a um total de 126 estudantes (14 grupos de nove estudantes cada um) para levar a cabo um jogo em que trocavam de parceiro. Cada vez que tinham um novo parceiro tinham de lhe dar 1,25 euros. Se chegavam a acordo, os investigadores davam mais 75 cêntimos, por isso quem recebia (o receptor) ficava com 2 euros.
Se o primeiro jogador se negava a dar o dinheiro, poupava 1,25 euros, mas se os outros descobriam podiam depois não ser generosos com ele. À medida que o jogo prosseguia, e se ia trocando de parceiros e os seus papeis mudavam entre doador e receptor, os jogadores iam dando informação aos outros sobre as decisões que os seus antigos parceiros tinham tomado.
Assim, quanto mais generoso tinha sido anteriormente um parceiro, mais tendência havia para o beneficiar e vice-versa: se tinha “fama” de sovina, os outros evitavam dar-lhe o dinheiro. Até aqui, como se predizia, o rumor propiciava a reciprocidade indirecta, segundo se explica no citado artigo: o comportamento generoso induzia à cooperação do resto do grupo.
Mais fortes que a verdade
O desconcertante aconteceu, no entanto, quando, em várias rondas deste mesmo jogo, a cada um dos doadores se fez chegar rumores – positivos ou negativos - sobre os outros jogadores (receptores), como factos provados, sobre o comportamento anterior destes como doadores.
Assim, descobriu-se que os jogadores continuavam a estar influenciados pelos rumores no momento de tomar as suas decisões, mesmo que desconhecessem a fonte ou fiabilidade, tendo tido até acesso à informação, directa ou objectiva, que podia contradizer o rumor: em média, a cooperação aumentou 20% se o rumor era positivo e desceu na mesma percentagem se o rumor era negativo.
Os cientistas assinalam que o estudo evidencia que os rumores têm um enorme potencial manipulador porque as pessoas tendem a ajustar a sua própria visão do mundo pela percepção que os outros têm dele. Além disso, transmitem com enorme eficiência a informação social.
Olga Castro-Perea
Criado em: 05/11/2007 • 08:06
Actualizado em: 05/11/2007 • 08:06
Categoria : ARTIGOS DE FUNDO
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