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ARTIGOS DE FUNDO - O «biopetróleo» de Alicante
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Já se imaginou um petróleo biológico, renovável e que absorve o dióxido de carbono (CO2) num ciclo sem fim? Já existe. Está em discretos depósitos em Alicante, Espanha, da empresa espanhola Bio Fuel System (BFS), que é quem o inventou.
Tem a cor verde das algas, contém centenas de milhões de seres unicelulares por mililitro cúbico e demorou vários anos a encontrar a fórmula científica para o cultivar num meio artificial. Por trás deste futuro biocombustível estão os departamentos de Biotecnologia, Engenharia Química e Ciências do Mar das Universidades de Alicante e Valência.
Os seus pais são o professor de Biotecnologia da Universidade de Alicante, Cristian Gomis e o engenheiro de Termodinâmica, Bernard Stroïazzo. A pesquisa deste último de um sistema que acelerasse o ciclo vital da fotossíntese de forma a que as células marinhas absorvam o dióxido de carbono e libertem oxigénio, cresçam e se reproduzam, encontrou a resposta no biólogo marítimo Gomis.
Nestes anos seleccionaram-se uma trintena de famílias de algas que foram alimentadas com luz solar, CO2 e um pouco de fósforo e nitrogénio. O resultado destas condições artificiais ideais, sem mudanças drásticas de temperaturas, nem correntes, nem predadores, traduziu-se na aceleração dos seus processos vitais e reprodutivos. Se no meio marítimo a sua concentração é de 300:1 por mililitro cúbico, no sistema BFS chega aos 200 milhões.
Uma sopa verde
O conjunto de cilindros de plástico transparentes de três metros de altura e 70 centímetros de diâmetro - que são o protótipo de uma próxima unidade industrial - contém uma espécie de sopa de cor verde, onde todos os dias essas centenas de biliões de seres se dividem em dois a cada 12 horas. É assim que a biomassa se apresenta.
É igual à do mar, mas mais densa. Algo como o que aconteceu há 200 milhões de anos com o fitoplâncton numa Terra em formação, quando os cataclismos o sepultaram e se fossilizou, até que há 150 anos o homem começou a extraí-lo, chamou-o petróleo e criou uma sociedade dependente deste combustível.
O biopetróleo de BFS não tem a cor preta do petróleo e não tem nem enxofre nem os metais pesados que resultam da sua fossilização. É só a matéria orgânica da celulose e o silício da membrana celular.
Todos os dias extrai-se do cilindro metade do seu conteúdo, centrifuga-se, volta-se a encher o tanque de água para que se duplique a quantidade de seres nas 24 horas seguintes e fica a matéria orgânica em massa para a refinaria ou seca para carvão. Cada quilo desta massa tem 5.700 quilocalorias. Tanto como o carvão. Capaz de alimentar centrais térmicas de electricidade, que se veriam obrigadas a capturar o CO2 das suas chaminés para alimentar o biocombustível que cresce no edifício ao lado, onde absorve o seu próprio carbono sem ser necessário transportá-lo. Uma refinaria poderia fazer o mesmo. Que se pode querer mais?
Bernard Stroïazzo afirma que conseguiram reproduzir o "melhor intercambiador de energia solar que existe, o mesmo que há nos oceanos na forma de fitoplâncton e que é a base da corrente alimentar marinha". Gomis assinala que "as algas são seres imortais porque estão em crescimento infinito".
Mais de 50% da massa das dezenas de milhares de espécies de algas que compõem o fitoplâncton nos oceanos é óleo. Para que querem tanta gordura? Simplesmente porque tem menos densidade que a água e flutua no mar para poder estar perto da superfície onde chega a luz solar, que é metade da sua dieta juntamente com o dióxido de carbono na fotossíntese.
A BFS conseguiu que, em cada dois metros cúbicos de água, se produzam seis quilos por dia de biomassas. Isto é milhares de vezes mais que o cultivo anual de soja, girassol ou palma, usando muito menos terreno e de forma muito menos agressiva.
O próximo objectivo da empresa será a primeira central de produção eléctrica de 30 megawatts antes de um ano. Será necessário um hectare para instalar o lar artificial das algas em cilindros de oito metros de altura e 70 centímetros de diâmetro. Ali produzirão a electricidade para 3.000 habitações com caldeiras que movem geradores e recuperem o CO2. O lugar já está escolhido em Alicante e as licenças já foram solicitadas.
Criado em: 30/05/2007 • 10:35
Actualizado em: 30/05/2007 • 10:43
Categoria : ARTIGOS DE FUNDO
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