Os paleontólogos Juan Luis Arsuaga e Eudald Carbonell consideram que uma mudança climática como a que está a acontecer na Terra actualmente não suporá "uma grande perturbação" para o planeta e que fenómenos similares já se registraram várias vezes ao longo da história.
Advertiram, contudo, que os efeitos da mudança climática serão muito graves para milhares ou milhões de pessoas, que a previsível subida do nível do mar inundará zonas habitadas na actualidade e que o aumento da temperatura média do planeta em mais de dois graus terá repercussões sociais, políticas e económicas muito importantes.
Os três directores da estação arqueológica de Atapuerca, Arsuaga, Carbonell e José María Bermúdez de Castro participaram, com o presidente da Fundação Duques de Soria, Rafael Benjumea e o co-presidente da Fundação Atapuerca, Javier Vicente, numa conferência de imprensa onde apresentaram o II Seminário Internacional sobre Paleoecologia Humana.
Este encontro científico, continuação do que se realizou em Nova Iorque em 2003, terá lugar em Burgos entre os dias 6 e 9 de Novembro e irá reunir cientistas e paleontólogos de vários países.
Durante o mesmo serão dadas a conhecer as últimas investigações sobre as primeiras ocupações humanas na Eurásia, local onde se "disputam" vários jazigos, ou sobre os diferentes tamanhos corporais das espécies humanas no Plistoceno e as mudanças fisiológicas e metabólicas por que passaram para assegurar a sua sobrevivência.
Juan Luis Arsuaga precisou que mesmo que o homem esteja "numa evolução constante", na actualidade são mudanças de adaptação, são "tecnológicas, não biológicas" e citou como exemplo que o homem não se adapta a viver com menos água mas dispõe da tecnologia necessária para levá-la para onde dela necessita.
Observou que uma mudança climática similar à actual aconteceu no último período "interglaciar", há aproximadamente 130.000 anos e disse que este fenómeno não vai causar mudanças especialmente relevantes à escala planetária ou geológica.
No mesmo sentido, o paleontólogo Eudald Carbonell observou que há 4.800 anos, a temperatura média do planeta era aproximadamente dois graus centígrados superior à actual ou que o nível do mar era, há 20.000 anos, entre um a dois metros - em alguns casos até cinco metros - inferior ao actual.
Carbonell destacou no entanto que a diferença principal radica no facto de nunca antes na história o homem ter enfrentado um fenómeno destas características com o nível de conhecimento e a base científica actual.
Em Novembro, em Burgos, os paleontólogos irão partilhar as últimas descobertas sobre as primeiras ocupações humanas no continente eurasiático e sobre como evoluiu o género "homo".
Durante os últimos anos, lembraram os organizadores do Seminário, confirmou-se a presença humana na Europa e na Ásia durante o Plistoceno Inferior (há 1.300.000 anos) e os últimos achados em vários jazigos foram atrasando no tempo a data dessa primeira colonização.
Assim, na Europa, as últimas descobertas em Fonte Nova 3 e Barranco Leão, na depressão de Guadix-Baza, na Fossa do Elefante do jazigo de Atapuerca (Burgos) ou os do jazigo italiano de Pirro Nord estão também "atrasando" a colonização da Europa. EFE
Esperamos acompanhar o II Seminário Internacional sobre Paleoecologia Humana. Promete!