É bem possível que as pessoas que tomam ecstasy ou “droga do amor” experimentem mais sensações relativas ao amor. Segundo um estudo com ratos de laboratório esta droga aumenta os níveis de oxitocina no cérebro. A oxitocina é uma hormona que ajuda a manter a união entre os casais e também a ligação das mães com os seus bebés.
Estudos anteriores revelaram um aumento do nível de oxitocina no sangue das pessoas que tinham consumido ecstasy (metilendioximetanfetamina ou MDMA). No entanto, muitas drogas aumentam estes níveis sem que se notem os seus efeitos no cérebro, factor determinante para que haja efeitos “sociais”.
Num dado momento considerou-se que a MDMA produzia efeitos através da alteração do nível de serotonina, mas outras drogas (incluído o Prozac) também o alteram sem que se produzam efeitos sobre a sociabilidade.
Iain Mcgregor da Universidade de Sydney, na Austrália, e os seus colaboradores estudaram o efeito desta droga em ratos de laboratório. Foi-lhes administrado o equivalente ao que os humanos adultos tomavam e puderam comprovar como se comportavam de forma mais sociável, tal como as pessoas.
Verificaram também que a droga activava os neurónios relacionadas com a oxitocina no hipotálamo, como nos humanos. Quando se lhes administrou, além da droga, um bloqueador dos receptores de oxitocina o aumento de sociabilidade quase desaparecia, mas não de todo.
Não se sabe por que não desaparecia o efeito completamente. Poderia ser que a dose do bloqueador de receptores fosse pequena ou que outros receptores como os da dopamina estejam relacionados com a geração do comportamento social.
Em todo o caso os resultados estão de acordo com os sentimentos e sensações reportados por aqueles que consumiram a droga.
Em ratos macho notou-se um aumento em massa do nível de oxitocina depois do orgasmo. Segundo Mcgregor é interessante notar que os homens que consumiram ecstasy sentem-se mais sensuais que sexuais e que isto poderia dever-se ao facto de os altos níveis de oxitocina os porem num estado pós-orgásmico que não seria o mais adequado para manter relações sexuais, mas que os faria sentir-se bem estando com ela.
Esta equipa de investigadores planeia agora investigar os níveis de oxitocina no cérebro dos ratos depois de tomar MDMA e ver que partes do cérebro são particularmente afectadas.
Suspeitam que a libertação de oxitocina pode estar implicada não só nos efeitos relacionados com a sociabilidade, mas além disso no seu reforço.
Aparentemente sabe-se pouco deste tipo de drogas quanto aos seus efeitos sobre a oxitocina.