As crianças super protegidas sofrem tantos danos como os abandonados, assim o dizem vários especialistas na revista 'Fazer Família'.
Na reportagem 'O teu filho sabe enfrentar os seus problemas?', afirma-se que se se dá às crianças "ajuda desnecessária" é provável que se faça delas "crianças com falta de autonomia pessoal, inseguras, dependentes em excesso dos adultos, pouco criativas e, portanto, vulneráveis e incapazes de chegar a uma completa maturidade".
A publicação entrevista "algumas vivências problemáticas" pelas quais podem passar as crianças de 7 a 12 anos como: não acabar por integrar-se na classe, querer ser sempre o primeiro, ter baixos resultados académicos e não estudar diariamente, frequentes faltas de disciplina e mau comportamento.
Também foca as situações em que os companheiros provocam ou se metem com os outros por ser baixinho, muito alto, gordinho, ter cabelo encaracolado ou pouco cabelo... e as outras situações que habitualmente acontecem como deixar em casa ou na sala material importante, como o equipamento da ginástica, os deveres, etc.
Professores e psicólogos afirmam que quando os pais intervêm directamente, desculpam o filho continuamente e vêem o problema sempre nos outros, isso não costuma solucionar os conflitos, pelo contrário, aumentam-nos e acabam normalmente por degradar o ambiente de grupo.
"Logicamente, o nosso maior desejo é que os nossos filhos sejam felizes e para isso desejamos evitar-lhes sofrimentos "desnecessários", mas poupar-lhes todo o tipo de problemas intervindo nas suas vidas cada vez que surge uma dificuldade, é privá-los de uma aprendizagem necessária".
Numa entrevista a Boris Cyrulnik, o chamado 'psiquiatra da esperança', ele defende que "é necessário que a criança conheça o medo para que possa superá-lo, privá-lo dele é uma maneira de convertê-lo em vulnerável".
ENCONTRAR SOLUÇÕES
Por sua vez, a psicóloga clínica María Gracia Cavestany recomenda ensinar os filhos a resolver os seus problemas, confiando na sua capacidade para encontrar soluções.
"Ensinar os nossos filhos a resolver problemas é ensiná-los a procurar soluções e depois ensiná-los a encaixar com humildade e alegria os seus sucessos e a aceitar os seus fracassos quando não conseguem os seus objectivos. Temos que estar perto da criança e supervisionar respeitosamente as suas acções, o seu fazer. Para isso, é preciso confiar na criança, na sua capacidade para encontrar as soluções, as suas soluções", destaca a especialista.
Para Cavestany, "se resolvemos tudo, eles perdem uma óptima ocasião de aprender", por isso "a ajuda é ajudá-los a desenvolver gradualmente os seus próprios recursos".
Conclui afirmando que as pessoas que estiveram super protegidas, "tiveram menos oportunidades de aprender e isto costuma torná-las inseguras, menos criativas para a vida e começam a sentir que enganar-se é algo tão horrível, que as deixa por vezes paralisadas".