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Conflitos escolares e soluções inovadoras
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César García Rincón, Presidente da ONG Homo Prosocius, dá uma entrevista abordando uma série de questões cheias de actualidade.

O senhor é o presidente da Homo Prosocius, uma ONG que trabalha pelo fomento da cultura e da «pró-socialidade». Que significa isto?

A «pró-socialidade» é um conceito que vem da psicologia e que faz referência à conduta pró-social. Neste campo há uma série de pesquisas que determinaram que a conduta pró-social são todas aquelas condutas positivas que temos em relação aos outros.

Isto exige uma capacidade prévia de detectar quais são as suas necessidades, de ver quais são as minhas capacidades para, de alguma maneira, me comprometer nessa conduta e ajudar. Portanto, pode dizer-se que a conduta pró-social é como o sinónimo científico do que entendemos como condutas solidárias e de entreajuda.

E nesse sentido foram investigados e analisaram-se uma série de factores que facilitam uma maior ou menor pró-socialidade das pessoas.

Quais são as inquietações que o levaram a criar esta ONG num país (Espanha) onde predominam as de cooperação ao desenvolvimento?

Por um lado, o desenvolvimento profissional; trabalhei durante 16 anos no âmbito educativo, tratando de fomentar o voluntariado com alunos.

Foi aí que me dei conta da falta de ferramentas didácticas, práticas... para que os alunos desenvolvessem esse tipo de condutas.

A ideia é que não só é preciso fazer o bem, mas fazê-lo bem. Por outro lado, uma vez que nos pomos a investigar - fiz uma tese de doutoramento sobre todos estes temas - vemos que o tema da conduta pró-social não está muito desenvolvido e que pouco se fez nas ONG.

Isto significa que há muito discurso sobre o Terceiro Mundo, factores sociológicos, etc. No entanto, é necessário uma organização que se dedique mais a investigar estas questões, propor materiais didácticos e fazer propostas formativas nesta linha de investigação e facilitar a pró-socialidade, porque são dimensões unidas à conduta de todo o voluntário.

Fazia falta uma entidade que fizesse os materiais e contribuísse com propostas de qualidade, inclusive levando em conta o âmbito da psicologia social.

A sua trajectória profissional está muito ligada à docência e à formação de equipas docentes sobre os valores humanos no âmbito da empresa e das ONG. Estes valores são os mesmos numa empresa e numa ONG?

Bom, são os mesmos, mesmo que em algumas ocasiões se expressem de maneira diferente e se representem de diferentes formas.

No âmbito da empresa, sim é certo que agora se tem mais sensibilidade para estes temas, tanto a nível interno da própria empresa, onde se fala de «conduta pró-social» ou «conduta extrarol» (fora do alcance do exigível no comportamento laboral - nota Juris), referindo-se a estas condutas dos trabalhadores.

Demonstrou-se que se estas condutas desaparecem a empresa deixa de funcionar. Há uma série de comportamentos desse tipo, tão simples como emprestar o agrafador, ajudar o colega a terminar um relatório... e se isto não acontece, tudo pára.

A razão é que há um tecido de relações e pequenas acções quotidianas que têm a ver com esta solidariedade, com esta cooperação muito importante.

Além disso, tem experiência na gestão de conflitos escolares, imagino que trabalho neste campo não lhe falta. Que está a acontecer aos jovens nas salas de aula e fora delas, onde o número de abusos é cada vez maior?

É preciso levar em conta que o que se reflecte muitas vezes nos meios de comunicação social são os casos mais extremos, a ponta do iceberg.

Mas é verdade que por trás de tudo isso há uma realidade e há situações de professores com os quais nos encontramos em cursos de formação, que não têm autoridade dentro da sala, que não sabem como recuperá-la perante pequenos conflitos e pequenas condutas quotidianas, o que faz com que seja impossível dar a aula...

Tudo isto não deixa de ser um reflexo do que se está a passar na sociedade e nas famílias. É evidente que os conflitos não se resolvem se a família não colabora e, infelizmente, cada vez é mais comum encontrarmos o típico caso do aluno que vai à escola onde o deixam «estacionado» para que seja educado. Não só para que se lhe ensine matemática..., mas valores humanos, educação sexual, quando chegar o momento da adolescência, etc.

Estas responsabilidades foram-se transferindo cada vez mais para os professores, por isso sentem-se tão aflitos.

Perante esta realidade, está a pedir-se mais apoio a nível legal para determinadas situações onde se encontra um vazio jurídico e onde a inexistência dessa autoridade legal torna impossível a resolução de determinados conflitos.

Por outro lado, sim é verdade que nos pedem para dar mais formação aos professores sobre gestão de conflitos escolares.

Estamos a trabalhar agora mesmo num projecto muito bonito, em colaboração com a comunidade de Madrid: a formação de mediadores escolares.

Esta é também uma forma de voluntariado dentro dos próprios centros. Este aluno mediador em conflitos, como aluno voluntário, terá a tarefa de formar os próprios alunos para que sejam mediadores em conflitos entre eles.

Está demonstrado que esta mediação o que cria é uma cultura dentro do próprio centro, do diálogo, da participação, de gerar pró-socialidade, etc.

Então o que falta realmente é haver uma equipa de pessoas que forme esses mediadores e que os ponham em marcha. E isso é o que em Homo Prosocius estamos a preparar.

A convivência entre crianças de diferentes nacionalidades, cada vez mais habitual, com a chegada dos imigrantes, promoveu a aparição de novos problemas educacionais?

Sim, mas o problema não está tanto nos clichés e estereótipos que às vezes há sobre os imigrantes, mas na grande diversidade que o professor encontra na sala, diversidade não só cultural, mas de pensamento, de currículos...

É muito difícil trabalhar e tirar partido de uma aula quando temos níveis muito díspares e distantes. Naturalmente que há técnicas, mas quando as distâncias são tão grandes é realmente difícil.

E encontram-se situações tão curiosas como a que eu encontrei: num intervalo, um grupo de professoras comentava que o número de alunos árabes era muito elevado, mas os árabes não reconhecem na sua cultura a autoridade da mulher e aí havia um importante problema a ultrapassar.

É evidente, portanto, que há coisas que se devem mudar e também reconhecer que o Ministério da Educação e Ciência (espanhol - nota Juris) está a fazer um grande esforço para propor metodologias, adaptações curriculares, salas-de-aula de ligação... mas é preciso continuar a melhorar e há que ter presente que os professores não são «super-homens».

Do ponto de vista do voluntariado, por exemplo, que diferenças há entre colaborar com uma ONG grande e uma pequena?

É uma boa pergunta. Eu acho que depende da ONG e da tarefa. É certo que se comparamos um transatlântico com um navio pequeno, este sempre terá mais capacidade de adaptação, mas as ONG grandes dão uma maior estabilidade do ponto de vista de recursos, propostas, etc.

Pode dizer-se que depende do tipo de voluntários. Há alguns que se encaixam melhor numa ONG maior e outros - que podem desejar ter uma maior iniciativa e criatividade - pode interessar-lhes mais uma menor.

Quanto ao que se entende por compromisso, não acho que haja muitas diferenças, mas é verdade que numa organização grande o voluntário pode ter menos protagonismo que noutra menor.

Vai falar no encontro das estratégias para motivar os voluntários. Adiante-nos algo, quais são as mais importantes?

Em princípio eu sempre digo que a motivação do voluntário é fundamental no processo. É preciso pedir um perfil mínimo à entrada, mas é preciso também levar em linha de conta que se somos muito puristas ao pedir uma motivação de trabalho não vamos encontrar voluntários.

Então, a partir daí há que saber que a motivação do voluntário é um trabalho de socialização desse voluntário na entidade, para ir trabalhando e reflectindo sobre esses motivos não esquecendo que se entrou com determinadas motivações, vai adquirindo um compromisso, solidez e motivações cada vez mais autênticas.

Então vamos falar de vários tipos de motivação: extrínseca, intrínseca e transcendente.

Por exemplo, há uma motivação muito importante que é vinculada à própria tarefa que desempenha o voluntário. Esta tarefa pode ser muito motivadora ou muito aborrecida e é aí que as entidades têm que fazer um esforço para propor tarefas que suponham um desafio, certa dose de criatividade, um certo alcance, que se realize, se reconheça...

Definitivamente, trata-se de adaptar algumas teorias que inclusive surgiram no âmbito da empresa, onde surgem muitos factores motivadores, os mesmos que podem estar na tarefa do voluntariado.

Outra forma de motivação é a afectiva ou empática, centrada em saber se a minha tarefa supõe um vínculo afectivo com outra pessoa.

Isto é mais fácil no voluntariado que presupõe um encontro directo com o necessitado, sobretudo no Quarto Mundo, mas não em eixos de desenvolvimento, onde essa motivação vai estar mais vinculada às próprias equipas de voluntários, ao próprio grupo.

Esta é uma maneira de «profissionalizar» o voluntariado?

Este é um tema que está sempre presente. A verdade é que sempre se procura uma certa capacitação, preparação do voluntário em temas que devem ser temas-chave. Mas não só a tarefa do próprio voluntário, mas do design das tarefas, dos postos.

Do seu ponto de vista, os nossos filhos serão mais ou menos solidários que nós?

Espero e acredito que serão mais solidários que nós, mas depende muito dos pais. Eu tenho constatado que nas famílias onde os pais participam em tarefas de voluntariado social, os filhos acabam por captar isso, o que supõe uma grande experiência para eles.

Há dados sociológicos que dizem que agora as ONG são as que mais interesse e atracção despertam nos jovens e nas quais depositam mais confiança.

Concretamente sete de cada dez jovens em Espanha depositam muita ou bastante confiança nas ONG, muito acima de outras instituições tradicionais próprias do Estado de Direito.

Neste momento são as que mais atraem os jovens. Estes dados podem significar que a juventude está cada vez mais sensibilizada.

Definitivamente, entendemos a educação na solidariedade como a educação na família, e na escola, não?

Sim, na verdade é a educação em todos os âmbitos que afectam a criança e o jovem. Nos centros educativos dou a conhecer o que se chama o «triângulo da socialização» nos valores actuais.

Um desses lados é a família, outro é a escola (professores e educadores) e o outro lado são as ONG.

Há um tema que está muito na ordem do dia que é o grande trabalho que estão a fazer as ONG quanto à socialização em valores do cidadão.

Isto é, o voluntário que se entrega a uma ONG recebe uma formação em valores que não lhe é dada noutros lugares. As ONG estão a educar a sociedade, um valor que nem sempre lhes é reconhecido.

 



Criado em: 25/01/2007 • 10:10
Actualizado em: 08/01/2021 • 16:23
Categoria : ARTIGOS DE FUNDO


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Comentários


Comentário n°3 

amigadagajamaluca 27/10/2007 • 19:09


Comentário n°2 

gajomaluco 10/10/2007 • 10:14

Não percebeu patavina do texto, pois não?
Pois não...

Comentário n°1 

gajamaluca 10/10/2007 • 10:06

o que é que o senhor presidente tem a ver com conflitos escolares? mad ele é que se vai por no meio dos alunos é? agora tornou-se um faz tudo?

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