As crianças nascidas de mães com menos de 25 anos têm o dobro das possibilidades de viver cem anos que os filhos nascidos de mães com mais idade, segundo uma investigação realizada por um casal de investigadores da Universidade de Chicago.
O estudo, que foi patrocinado pelo U.S. National Institute on Aging (NIA) e pela Society of Actuaries, foi apresentado na reunião anual da Population Association of America, realizada em Abril passado em Los Angeles.
Leonid e Natalia Gavrilov, responsáveis pela investigação, chegaram a esta conclusão depois de estudar 198 pessoas centenárias seleccionadas entre a população dos Estados Unidos.
Compararam a história destas pessoas com as dos seus irmãos e irmãs com a finalidade de conhecer o chamado efeito primogénito, isto é, o impacto que tem sobre a longevidade o facto de se ser o mais velho dos filhos.
Demonstraram que a teoria segundo a qual os primogénitos estão mais protegidos contra as doenças infantis, porque têm menos contactos com outras crianças, é falsa.
Inclusivamente aos 75 anos o facto de ter sido o primeiro filho tem consequências, segundo estes investigadores: constataram que este factor familiar tem um efeito prolongado na vida do primogénito.
A segunda teoria, segundo a qual o primeiro filho beneficia das vantagens de ter um pai forte e produtivo, também não pode aceitar-se como válida, já que segundo esta nova investigação a idade do pai não influi estatisticamente em nada na vida do primeiro filho.
Possíveis explicações
A análise estatística dos dados obtidos é bastante concludente: a juventude da mãe está directamente relacionada com a longevidade do primeiro filho. Apesar de os dados serem concludentes, a explicação no entanto não existe, só há hipóteses.
Uma destas hipóteses considera que os primeiros óvulos da mãe a serem fertilizados são supostamente os melhores, diferenciando-se dos demais em qualidade e vigor.
Outra hipótese assinala que as mães jovens não tiveram tempo de sofrer infecções crónicas que poderiam ter consequências negativas sobre a saúde a longo prazo dos seus filhos.
Os autores consideram que pode haver mais explicações possíveis para este fenómeno, mas a dificuldade em conhecer a vida de pessoas que já têm 100 anos impede tirar mais conclusões a este respeito.
O estudo constitui uma chamada de atenção para a cultura da gravidez nas sociedades desenvolvidas: é bom ter os filhos numa idade madura e que vivam depois muito tempo. A história das pessoas centenárias estudadas contraria esta crença.
Há três anos, o mesmo casal de investigadores descobriu que ser o primogénito de uma família também melhorava a longevidade, mas não se sabia porquê.
A possível explicação deste mistério constitui a nova descoberta de Leonid e Natalia Gavrilov.
Nos Estados Unidos havia 37.000 centenários em 1990, mas no ano 2000 este número elevou-se para 55.000.
O mais provável é que as mulheres vivam mais de 100 anos que os homens.
Leonid e Natalia Gavrilov já tinham descoberto num estudo anterior que as pessoas centenárias dos Estados Unidos eram agricultores do centro do país, já que nessa zona vivia a maioria deles.
Também constataram que ser o primogénito numa família aumenta as probabilidades de chegar aos 100 anos de idade em mais de 80%.
Na busca de uma possível explicação para estas descobertas, constata-se que ser mãe mais cedo é um factor de longevidade para os primogénitos.
Vanessa Marsh