1 - Ser correcto
Isto tem de ser dito claramente: a primeira coisa importante é saber expressar-se correctamente. Não se pode falar ao empregador como a um amigo ou como a alguém que está a um mesmo nível que o nosso.
Se essa aproximação na relação acontece, deve ser o empregador quem dá o primeiro passo e só deve chegar até onde ele chegar
2 - Contar os problemas pessoais
À empresa que vai contratar não lhe interessam os nossos problemas pessoais. Em absoluto. Não querem um empregado que tenha problemas inclusivamente antes de vir a trabalhar com eles. Se há problemas, a entrevista de emprego não é o melhor lugar para os contar. Isso iria apenas dizer que, provavelmente, o empregado iria dar muitos mais problemas no futuro.
Se há alguma limitação ou problema com o futuro trabalho, há que procurar maneira de a camuflar. Frases como: “Agora mesmo estou muito ocupado“, “Não entrem em contacto com as empresas que referi no CV, porque a relação profissional terminou bastante mal“ … não ajudam a gerar a confiança desejável com a futura empresa.
3 - Mostrar ilusão
Algumas empresas chamam a isto “carta de motivação“, mas eu acho que é necessária uma atitude de motivação. É preciso demonstrar à empresa que o projecto a que nos candidatamos é algo que nos faz feliz, que adorávamos dedicar o nosso tempo a essa ideia, que é uma oportunidade para nós. Isto são pontos a nosso favor e não é muito dificil de fazer. Pois não?
4 - Ser proactivo
Nas entrevistas para entrar no Google, uma das perguntas que fazem é: “Em que é que melhoraria o Google?“. Isto é um filtro básico: se não é capaz de melhorar a empresa na qual trabalha, o melhor é nem vir.
Isto aplica-se mais ou menos a qualquer empresa e projecto. Uma pessoa que possa sugerir novas atitudes para gerar dinheiro, sempre será mais bem-vinda. Há que sugerir melhorias, alternativas. Isso demonstrará que vai ser uma pessoa que resolve problemas e contribui para as soluções. É isto precisamente o que querem as empresas e somos capazes de o conseguir se a tal nos propusermos.
5 - Curriculum interessante
Tive, por diversas vezes e variadas razões, a oportunidade de analisar muitos CV e há alguns erros que considero de "enorme" magnitude e que se repetem uma e outra vez. Comecemos pelos básicos:
Devemos escrever o mais importante da nossa vida no início.
Não é certo que a empresa vá ler todo o nosso CV e muitas vezes descartam-se candidatos antes de passar a primeira página. Por isso, há que fazer todo o possível para que a primeira página seja suficientemente apelativa.
Destacar com negrito o mais importante.
Quando alguém dos Recursos Humanos (RH) lê o nosso CV, fá-lo na diagonal, não o estuda com detalhe. Destacar a negro faz com que isso seja lido e não passe despercebido entre o texto normal.
Imagem profissional.
Uma conta no hotmail para pedir trabalho não denota muito profissionalismo. Se não há a possibilidade de ter um domínio próprio, pelo menos deve usar-se um correio mais profissional.
Eliminar o irrelevante.
Muitíssimas pessoas, por medo e falta de confiança, procuram parecer muito mais do que aquilo que são procurando encher de linhas o CV. Pelas mãos de um responsável dos RH de uma grande empresa, passam pelo menos 20 novos CV todos os dias.
Tente-se ir aos factos para conseguir uma entrevista. Não se refira o colégio ou o campeão de atletismo que se foi em pequeno ou que um dia se fez um curso de flauta transversal.
Adaptar o CV para a oferta.
Somos uma pessoa com muitas qualidades, mas nem todas são válidas para todos os trabalhos. Há que realçar as qualidades que mais poderiam ajudar para essa oferta, e omitir (ou eliminar) as que poderiam prejudicar.
6 - “Como faço para escrever o CV? Não sei por onde começar!”
Há muitíssimas ferramentas para fazer um bom CV. A minha experiência diz que é preciso dedicar-lhe umas quantas horas para que seja apelativo e provoque no entrevistador o desejo de se fixar em nós. Isto NÃO quer dizer começar a colocar cores, linhas daqui e dali ou tipos de letra do mais “cool”, quer dizer o pensar e repensar a estrutura da informação que queromos apresentar.
Para os principiantes, recomenda-se que visitem o site do Europass e usem o modelo CV Europeu.
7 - Analisar o que se pede na oferta
Quando a empresa procura alguém, dedica um certo tempo a analisar a sua necessidade e resume-a depois num pequeno parágrafo onde expressa as suas preferências. Esta informação é o mais valioso que existe. A empresa sabe que encontrar alguém com essas características não é simples, mas se os requisitos descem é porque pensam pagar pouco. E isto, amigos meus, é lei imutável.
Se pretendem alguém que fale inglês, não podemos dizer que sabemos alemão como forma de nos defender. Se pedem 2 anos de experiência e não os temos, há que dizer que temos X anos num sector relacionado e que adoraríamos dar um novo sentido à nossa carreira numa empresa como essa.
Devemos assegurar-nos, antes de mandar o CV e a carta de motivação, que mostramos à empresa que estamos o mais próximo possível de cada um dos requisitos pedidos. Não digam que não os avisei.
8 - Analisar a empresa
Muitas vezes, as empresas procuram alguém que se adapte à sua maneira de pensar e sentir a vida. Numa consultora de grande prestígio, procura-se alguém com uma grande segurança em si mesmo. Num hospital procura-se alguém com muito tacto. Em technorati procura-se gente famosa no mundo da internet
Analisar como é a empresa, como são os seus empregados, o que dizem, que opiniões emitem sobre a empresa. Toda esta informação servirá para adaptar o tom da carta de motivação ao que esteja mais próximo ao da empresa. Isto gerará uma empatia que te dará mais pontos para ser “o eleito”.
9 - Retribuição
Não se negociam as condições até que eles o façam. Não pode pedir emprego dizendo: “Quero cobrar X € brutos por mês e ter…”. Não. Deve ser o empregador a lançar a questão e então, sim, sentemos-nos para negociar.
Mesmo que pareça incrível, tive casos de gente que, antes de saber as característica concretas do projecto, já me diziam quanto queriam cobrar. Isto é um erro gordo por várias razões: poderia ser que eu estivesse disposto a pagar muito mais ou inclusive poderia pagar menos dinheiro e oferecer outro tipo de compensações. Esperar que eles tomem a iniciativa é a postura adequada.
10 - Infíltrar-se!
Conhecer alguém dentro da empresa que tenha uma boa opinião de nós, poderá dar muitos pontos a nosso favor. Quanto mais respeitada for essa pessoa, mais pontos.
Por vezes é impossível, mas criar-se uma rede de contactos no sector no qual pretendemos trabalhar, pode mudar a balança a nosso favor em muitas circunstâncias. Um Responsável dos RH tem nas suas mãos CVs de pessoas que não conhece, mas se acontecer um colega dizer-lhe que nós valemos, de certeza que ele olha com outros olhos para o nosso CV perante tanta pessoa anónima.
Para finalizar, uma sugestão.
Obtido o emprego, uma regra sagrada deve estar sempre, mas sempre presente:
Os problemas de casa ficam à porta da empresa e os problemas da empresa ficam à porta de casa.
Trabalha-se melhor. Vive-se melhor.