Nas décadas de 50 e 60 Marilyn Monroe impôs a moda do cabelo loiro às mulheres. Esta moda também foi referendada pelo slogan da empresa de tintas Clairol que popularizou a frase: "As loiras divertem-se mais".
Nos anos 70 continuou a estar na moda, tanto que o cantor mais vendido e famoso da década, Rod Stewart, deu como título a um dos seus álbuns Blondes Have More Fun.
Nas décadas seguintes foi igual e na atualidade é uma tendência que se mantém. Muitas mulheres continuam a pintar o cabelo e todos somos felizes. Mas nem sempre foi fácil ser loira.
Marilyn Monroe
Na Roma antiga assentaram-se os pilares dos códigos e leis de convivência que regem a maioria de estados na actualidade. O Direito Romano regulava todas as actividades e uma destas era a prostituição. As mulheres que a exerciam deviam estar obrigatoriamente registadas perante as autoridades.
Também eram obrigadas a pintar o cabelo de loiro - ou a usar uma peruca - para se diferenciarem das honoráveis brunettes romanas. Além disso, como o cabelo loiro era predominante nos bárbaros do norte, e as escravas dessa raça geralmente acabam a trabalhar nos bordéis, para as autoridades era uma questão de lógica.
A tendência para pintar o cabelo, que era habitual na cultura grega, foi passando aos poucos para Roma e popularizou-se quando as suas tropas conquistaram a Galia e regressaram com belas escravas loiras. Foi assim que aos poucos as mulheres locais – especialmente as romanas endinheiradas - começaram a imitar o look das prostitutas e a pintar o cabelo de loiro.
Quando Messalina, mulher do Imperador Cláudio por volta do ano 45 dC, foi acusada de dormir fora do palácio e passar a noite num bordel barato, o genial e satírico poeta Juvenal escreveu: "Escondeu a sua negra cabeleira por baixo de uma peruca loira e entrou num húmido lupanar de colchas velhas".
Os primeiros pais do cristianismo também condenaram a vaidade feminina e a imoralidade implícita do cabelo loiro:
-"Vejo que agora as mulheres tingem o cabelo de loiro com açafrão. Sentem-se envergonhadas do seu país, lamento que não tenham nascido na Alemanha ou na Galia!". Isso era o que escrevia Tertuliano, por volta do ano 200 dC. E a respeito das perucas opinava:
"Deveriam envergonhar-se... põem na sua sagrada e cristã cabeça cabelos mortos e abandonados de gente desconhecida que foi talvez impura, talvez culpada e destinada ao inferno..."
Adan e Eva, Lucas Kronach 1538
Até bem dentro do Renascimento, o cabelo loiro continuava associado a mulheres sedutoras e tanto assim era que, em quase todas as representações artísticas do Jardim do Éden, Eva era pintada com o cabelo loiro enquanto que o da Virgem Maria costumava ser escuro.
Quadro de Rafael (1483-1520) Adão e Eva
Bem, parece que na verdade se divertiam mais...