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ARTIGOS DE FUNDO II - As matemáticas também servem para ler textos antigos
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Como se podem diferenciar desenhos ou imagens aparentemente aleatórias de um passado remoto, de linguagens escritas com símbolos, se desconhecemos o seu significado?
Como se pode saber que os símbolos gravados em pedra por civilizações do passado, por exemplo, constituíam na verdade uma linguagem? A resposta parece encontrar-se nas matemáticas.
Segundo publica a revista Physorg, uma equipa de investigadores da Universidade de Exeter, na Grã-Bretanha, conseguiu constatar que uma série de símbolos Pictos, aparentemente perigosa, era de facto uma linguagem escrita, graças à aplicação da entropia, um conceito matemático que poderia definir-se como “medida da desordem”.
Os Pictos foram tribos celtas que habitaram o norte e o centro da Escócia desde os tempos do Império Romano, entre os séculos IV e X da nossa era. Descendentes dos caledónios e outras tribos, a terra dos Pictos transformou-se no reino de Alba (a Escócia) durante o século X. É por isso os Pictos se transformaram em Albannach ou escoceses.
Da escrita destas tribos ficaram poucos vestígios arqueológicos inscritos em pedra. Os especialistas estão a analisá-los sem poderem ainda constatar, com um método objectivo, que tais restos eram verdadeiramente uma escrita.
Este não é o único caso verificado. Muitas sociedades pré-históricas deixaram muitos símbolos inscritos cujo significado se perdeu.
O sistema matemático desenvolvido para estudar os textos Pictos poderia servir para conhecer melhor todas essas linguagens, para interpretar muitos escritos enigmáticos e, até, para analisar a comunicação animal, asseguram os investigadores.
Lendo a incerteza
A revista Newscientist, explica que o sistema matemático baseado na entropia consiste, basicamente, numa análise estatística das formas artísticas deixadas pelos Pictos.
Os cientistas aplicaram métodos estatísticos para analisar sequências de símbolos e calcular a entropia destes, ou seja “a sua desordem” dentro das séries de símbolos encontradas.
Segundo os cientistas, uma característica fundamental de qualquer sistema de comunicação está no facto de conter um certo grau de incerteza no que se refere à presença de cada um dos caracteres que o conformam.
Esta incerteza pode ser considerada como “entropia da informação” e difere da encontrada em qualquer série de caracteres colocados de forma aleatória ou em padrões simplesmente repetitivos.
A entropia de Shannon
Os investigadores escoceses analisaram diferentes textos Pictos estabelecendo neles a média de incerteza do aparecimento de um caracter ou símbolo, quando o caracter que o precedia já era conhecido.
Quanto menor a incerteza (ou maior a dificuldade em predizer o segundo caracter ou símbolo), maior era a entropia do par de caracteres e, portanto, também era maior a probabilidade de tais caracteres pertencerem a uma linguagem escrita e não a representações aleatórias ou meramente repetitivas.
Os investigadores baptizaram esta forma de medição de textos como entropia de Shannon de dois caracteres (“di-gram”).
Em teoria da informação, a entropia de Shannon é uma medida matemática da quantidade média de informação que contém uma variável aleatória, isto é, uma medida da incerteza do valor de uma variável aleatória.
Mas os cientistas encontraram um obstáculo: o tamanho das amostras de símbolos Pictos era demasiado curto para se poder aplicar a entropia de Shannon, por isso tiveram de modificar a fórmula considerando este novo factor.
Por outro lado, dado que algumas línguas (como o código morse) apresentam mais di-grams ou caracteres emparelhados que outras, os investigadores consideraram também o factor da repetição de emparelhamento.
Com todos estes factores, puderam demonstrar que os símbolos Pictos correspondiam a palavras e não eram simplesmente imagens religiosas ou símbolos heráldicos, como até agora se pensava.
Além disso, quando compararam os símbolos com outros textos analisados verificaram que eram similares aos da linguagem moderna, mas com um vocabulário mais reduzido, como o que podemos encontrar em relatos infantis actuais.
Entender a linguagem dos golfinhos
Mesmo que o significado das palavras Picto continue a ser um mistério, os investigadores suspeitam que as pedras que as continham são monumentos aos mortos.
Pretende-se agora empregar este mesmo sistema para analisar outras escritas antigas por decifrar, como os petróglifos (representações gráficas gravadas em rochas ou pedras feitos por antepassados pré-históricos, sobretudo a partir do Neolítico, e que são o mais próximo antecedente dos símbolos anteriores à escrita) escandinavos da Idade do Bronze.
A técnica - pensa-se - também poderia adaptar-se na análise da comunicação animal, por exemplo, para avaliar o significado dos sons emitidos pelos golfinhos.
Yaiza Martínez
Criado em: 01/07/2010 • 11:58
Actualizado em: 01/07/2010 • 12:00
Categoria : ARTIGOS DE FUNDO II
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