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A atmosfera terrestre torna-se menos densa à medida que se sobe, chegando ao ponto de a quantidade de ar por unidade de volume ser tão pequena que a aerodinâmica perde todo o sentido e os aviões não podem sustentar-se.
É neste ponto que se considera começar o espaço. Estabeleceu-se que ficaria a 100 km de altitude e denomina-se Linha de Kármán, em memória do engenheiro Theodore von Kármán que estabeleceu muitas das bases da aerodinâmica moderna.
Qualquer voo abaixo desses 100 km não é “espacial”. Mas não é preciso chegar tão alto para realizar uma viagem que realmente promete ser emocionante e assustadora.
A cerca de 36 km de altitude – onde os motores a reacção já não funcionam - pode ver-se a curvatura da Terra e as estrelas sobre o céu negro, mesmo que seja de dia.
E é aí que a empresa espanhola Zero2Infinity, localizada em Barcelona, quer levar passageiros com o projecto do globo estratosférico Bloon.
A ideia de Zero2Infinity
A ideia de José Mariano López Urdiales, engenheiro aeronáutico, é proporcionar a experiência de tocar a fronteira entre a Terra e o espaço de forma acessível, perto e limpa ao maior número possível de pessoas.
Apesar de existirem projectos muito avançados de “turismo espacial” - como o que está a ser desenvolvido pela Virgin, com o seu SpaceShipOne - o certo é que depois de atingida uma certa altitude (30 ou 40 km) subir mais não muda muito as vistas, apenas torna tudo mais caro e mais difícil.
Enquanto que uma nave impulsionada por foguetes atinge a altitude máxima (100 km) numa questão de minutos, o voo de Zero2Infinity torna-se numa tranquila, silenciosa e calma subida que pode saborear-se durante duas horas e permite dedicar o tempo a observar com pormenor as vistas do céu e da terra a partir de uma posição perto do espaço enquanto se ouve música, se aprecia um delicioso jantar e se observa o céu com um telescópio. Até pode servir como local mais que privilegiado para assistir, na primeira fila, aos eclipses.
O veículo
O veículo proposto por Zero2Infinity consiste num globo similar aos utilizados para estudar o clima e a meteorologia que há anos atingem essas altitudes de forma rotineira. Aliás, são cada vez mais os globos caseiros que chegam até ali e obtêm impressionantes imagens das vistas que dali se desfrutam.
O actual recorde de subida em globo tripulado está precisamente estabelecido nesses 36 Km, de modo que chegar ali de forma segura é possível.
O veículo Zero2Infinity consta de três partes essenciais: um enorme globo com cerca de 100 metros de diâmetro, cabos de união e a cápsula pressurizada, de aproximadamente 4,5 metros de diâmetro e com amplas vidraças onde viajam, comodamente e à vontade, os quatro passageiros e os dois membros da tripulação, e onde se alojam os sistemas de voo.
O voo num globo
A subida começa com o enchimento progressivo do globo com hélio, um gás mais leve que o ar. Uma horas depois da descolagem já se atingiu a altitude máxima. O globo permanecerá ali até às duas horas de voo e inicia-se depois a descida, soltando-se o globo de gás e abrindo-se os pára-quedas que farão descer suavemente a cápsula até ao solo.
Opcionalmente, pode desfrutar-se de uns momento de microgravidade e até de gravidade zero desde que se solta o globo e a cápsula começa a cair, precisamente antes da abertura dos pára-quedas.
Mesmo que o vôo de Zero2Infinity seja um “modesto passo”, nas palavras de López Urdiales, para a banalização dos voos perto do espaço, ainda faltam uns quantos anos antes que possam explorar-se de forma comercial. Não será antes de 2014.
O preço – pelo menos inicialmente - também não estará ao alcance de todos (custa 110.000 euros o bilhete) mas não será por isso que deixará de ser um projecto emocionante que aproxima um pouco mais o sonho de se ver a Terra desde “quase” o espaço.