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ARTIGOS DE FUNDO II - A matemática ajuda a predizer o comportamento criminal
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Gosta da série Numb3rs? Então talvez goste de saber que a série não está tão longe da realidade como em princípio se poderia imaginar.
O antropólogo Jeffrey Brantingham e os matemáticos Martin Short e Andrea Bertozzi, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, usaram as Matemáticas para calcular como os movimentos de criminosos e vítimas criam oportunidades para o crime e como a polícia pode reduzir esta criminalidade.
Jeffrey Brantingham estuda também os caçadores recolectores do norte do Tibete. Segundo ele os criminosos comportam-se essencialmente como caçadores recolectores: forrageiam em busca de oportunidades para cometer um crime.
O comportamento dos caçadores recolectores, que os faz escolher entre um touro e uma gazela, usa o mesmo tipo de cálculo que o que é utilizado por um criminoso para escolher entre um Honda ou um Lexus como objectivo do seu crime.
Estes investigadores analisaram a natureza dos pontos quentes onde ocorrem os crimes através de modelos matemáticos sofisticados para assim determinar os padrões de comportamento criminal do sistema urbano. Segundo eles, os resultados podem aplicar-se não só a Los Angeles como a outras cidades.
O modelo matemático obtido é não linear e desenvolve padrões complexos tanto no espaço como no tempo. Aparentemente, as equações implicadas, que são similares às que descrevem as reacções moleculares, a difusão ou terramotos e as suas réplicas, explicam como se formam os pontos quentes locais onde ocorrem os crimes.
Há dois tipos de pontos quentes. O primeiro, que se denomina “supercrítico”, surge quando pequenas explosões de crimes ultrapassam um determinado limiar e criam uma onda de crime local.
O segundo, que se pode denominar “subcrítico” sucede quando um determinado factor, como a presença de um ponto de venda de droga, provoca uma grande explosão de crimes ao atrair os criminosos.
Os dois tipos parecem ser iguais à primeira vista, mas não são. Se os pontos quentes apenas se localizam num mapa e não se estudam com cuidado as diferenças, os tipos passam despercebidos. Este modelo permite distingui-los.
Estes dois tipos de pontos quentes são diferentes sobretudo do ponto de vista da acção policial, que leva a comportamentos muito diferentes.
As equações indicam que um controlo policial rigoroso pode eliminar completamente os pontos quentes subcríticos, mas apenas deslocam a variedade supercrítica, isto é, aumentar a presença policial faz com que nuns casos o crime se desloque para outros locais e outras vezes se consiga erradicar o crime.
Do ponto de vista matemático, os dois tipos de resposta face à presença policial pode ser estudada através de uma análise matemática relacionada com a teoria das bifurcações.
Segundo Bertozzi, mesmo que o modelo esteja idealizado, os parâmetros podem conhecer-se de forma muito precisa para assim poder obter-se um prognóstico fiável. Já foram utilizados dados dos últimos dez anos pelo departamento de polícia de Los Angeles.
O que talvez seja mais interessante é que o modelo poderia ser capaz de predizer onde se estão a formar os pontos quentes subcríticos permitindo assim à polícia atacar o problema antes dele piorar. No entanto, os autores mostram-se mais cautelosos que optimistas.
Como este tipo de estudo está ainda no início, os investigadores irão necessitar de alguns anos até que se compreenda a dinâmica fundamental dos sistemas onde ocorrem os crimes para poderem fazer bons prognósticos e conceber estratégias adequadas. A Biologia e a Engenharia têm vindo a trabalhar sobre este tipo de modelos há décadas e já estão mais avançados.
Entre os objectivos destes investigadores estaria explicar porque, depois de uma casa assaltada, seria possível tal voltar a acontecer ou ser assaltada a casa do vizinho. Talvez os ladrões se sintam bem na vizinhança.
Sustentam que o cálculo que existe por trás desse comportamento, de entrar numa área onde acham que conseguem escapar impunes, é o mesmo que existe nas pessoas que procuram brigas em bares ou planeiam atentados terroristas com bombas.
No fundo, o comportamento humano nestes casos não é tão complexo como se pensa, sobretudo quando não se pretende explicar tudo (não se pretende dizer se um indivíduo concreto cometerá um crime).
Há aspectos do comportamento humano que podem ser entendidos facilmente com uma estrutura matemática formal. Segundo os autores, são precisamente estas regularidades do comportamento as que se podem compreender matematicamente.
Criado em: 01/03/2010 • 12:56
Actualizado em: 01/03/2010 • 12:56
Categoria : ARTIGOS DE FUNDO II
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