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Os passos para aterrar o Space Shuttle começam, literalmente, do outro lado do planeta da pista de aterragem. Dada a ordem, os astronautas têm que:
1. Fechar as portas de carga
2. Activar o Sistema de Controle de Reacção ([RCS]) (na maioria das vezes o Space Shuttle encontra-se em tal posição que é preciso endireitá-lo)
3. Activar o Sistema de Manobra Orbital para baixar a velocidade e iniciar a descida. É um processo que dura aproximadamente 25 minutos
4. Chegado a este ponto, volta a activar-se o RCS para que a parte inferior da nave fique de frente para a Terra.
5. Depois, por razões de segurança, queima-se todo o combustível dado que o aparelho atinge temperaturas superiores a 1.650 graus quando entra na atmosfera.
Neste momento o Space Shuttle encontra-se a cerca de 120 quilómetros de altitude e desloca-se a Mach 25, isto é, 8,2 quilómetros por segundo ou 30.000 quilómetros por hora (25 vezes a velocidade do som).
Por meio de manobras do RCS mantém-se uma inclinação de 40 graus (nariz para cima) para continuar a reduzir a velocidade e tentar reduzir o calor produzido pela fricção causada pela grande velocidade e aumento da densidade do ar.
À medida que desce, o Space Shuttle deixa de comportar-se como uma nave espacial e começa a funcionar como um avião, por efeito do ar.
Se mantivesse uma trajectória de linha recta, com uma inclinação de 40 graus (nariz para cima) seria possível que a nave deixasse de descer (pelo menos por uns minutos) ou até subisse.
Por isso fazem-se quatro manobras em forma de S, muito pronunciadas, mantendo esses 40 graus de inclinação, de tal forma que dissipa a velocidade para os lados. Este é o momento de maior tensão com forças G e temperaturas altíssimas.
Endeavour (STS-130) ao reentrar na atmosfera, fazendo a manobra em S, visto da Estação Espacial Internacional
Finalizadas as quatro manobras em S a nave deverá encontrar-se a cerca de 225 quilómetros da pista de aterragem e a uma altitude de 5,4 Km.
A distância e a altitude são, neste momento, importantíssimas pois o Space Shuttle já não é um avião, é um planador, porque não há motor ou combustível que o impulsione, apenas a velocidade da descida.
Voar muito baixo (mesmo que a distância seja suficiente) poderia levar a nave a não chegar à pista. Voar a uma altitude correcta mas a uma distância superior, causaria o mesmo problema.
Estando a cerca de 40 Km da pista, fazem-se manobras em círculo (com cerca de 5.500 metros de diâmetro) para alinhar a nave e diminuir a altitude.
Na aproximação final, a nave tem um ângulo de descida de -20 graus (sete vezes mais do que um avião comercial).
A 600 metros da pista, aumenta o ângulo de inclinação (nariz para cima) para diminuir a velocidade de descida – com a falta de turbinas, esta é a única forma de controlo – baixa o trem de aterragem, aterra e pára a cerca de três quartos da pista (com ajuda de um pára-quedas).
Durante os 20 minutos seguintes a tripulação inicia procedimentos para desligar os sistemas e aguardam que a nave arrefeça e se dissipem os gases nocivos criados pelo calor extremo.
Por ser um processo extremamente complexo, praticamente toda a aterragem do Space Shuttle é feito com piloto automático assistido por computadores.
A tripulação intervém quando se encontra a 40 Km da pista para as manobras em círculo e aproximação final. Ainda assim, durante as primeiras quatro missões (STS-1, STS-2, STS-3 e STS-4) o processo foi totalmente manual (o piloto tomava os controlos depois da primeira manobra em S).
O astronauta John Young foi o primeiro a fazê-lo. Depois do STS-4, os sistemas de controlo foram reprogramados para que o processo fosse automático.
O Buran (o equivalente russo ao Space Shuttle) foi capaz de descolar, orbitar a Terra e aterrar de forma 100% automática (sem um só humano a bordo).