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A Bíblia (para não crentes)
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O livro mais difundido de todos os tempos, merece fazer parte da nossa base de sustentação cultural, independentemente de qualquer credo ou confissão religiosa.


Introdução

Ao contrário do que possa supor-se, a Bíblia não é um livro. É um conjunto de livros. Em grego, a palavra Bíblia significa "livros".

A primeira parte é uma colecção de 46 livros, formando aquilo que é conhecido por Antigo Testamento (antes de Cristo).

A segunda é composta por 27 e constituem o Novo Testamento (vinda de Cristo). Podemos dizer, com propriedade, que os 73 livros que formam a Bíblia a transformam numa biblioteca.


Estes livros foram escritos ao longo de 1500 anos. Originalmente em 3 idiomas: hebraico, aramaico e grego e em 3 continentes – África, Europa e Ásia. Foi escrita por cerca de 40 pessoas provenientes de todos os níveis e estratos sociais. Reis, camponeses, pescadores, homens de estado, médicos, eruditos, poetas, agricultores, sábios de renome e pastores sem qualquer formação.

A Bíblia, à semelhança de muitas outras grandes obras, tem uma estrutura própria. Divide-se em livros, capítulos e versículos.  Os livros são identificados pelo nome, os capítulos pelos números maiores e os versículos pelos números mais pequenos.

O ANTIGO TESTAMENTO

PENTATEUCO

Os cinco primeiros livros do Antigo Testamento constituem o Pentateuco, palavra que em grego significa "cinco livros". Constituem o Pentateuco os livros do Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronómio.

Os judeus dão a esta parte da Bíblia o nome de Torá, que significa Lei.

Nestes cinco livros encontramos histórias e leis que foram postas por escrito durante seis séculos, reformulando, adaptando e actualizando tradições antigas e criando novas. Tanto as histórias como as leis giram em torno de um centro: o acto libertador de Deus no êxodo que é o acto fundador do povo de Israel.

As histórias nasceram, na sua maioria, no seio do povo e eram inicialmente histórias de famílias, clãs e tribos que procuravam transmitir oralmente, de geração em geração, ensinamentos e factos. Mais tarde essas histórias foram reunidas, modificadas e interpretadas para que todo o povo de Israel pudesse espelhar-se nelas e para que elas expressassem a fé no Deus que liberta.

As leis pertencem a várias épocas e são directivas para o povo nas diversas etapas da sua história. Todas elas procuram, porém, em circunstâncias diferentes, conduzir a uma prática que reflicta o ideal proposto pelas normas básicas do projecto de Deus: a libertação do povo e a formação de uma sociedade onde haja liberdade e vida para todos.

GÉNESIS

Génesis significa nascimento, origem. Neste livro encontramos duas partes:



  1. Origem do mundo e da humanidade - Os dois primeiros capítulos narram a criação do mundo e do homem por Deus. Os capítulos 3-11 mostram a história dos homens dominada pelo mal, reduzindo a história ao caos (dilúvio) e a sociedade a uma confusão (Babel).
  2. Origem do povo de Deus - Nesta parte encontramos a história dos patriarcas, as raízes do povo que, no mundo, será o portador da aliança entre Deus e a humanidade. Deus promete uma terra e uma descendência. Esta promessa cria uma aspiração que a pouco e pouco se vai realizando no meio de dificuldades e conflitos.

ÊXODO

Êxodo significa saída. Este livro chama-se assim porque começa por narrar como os hebreus saíram da terra do Egipto, onde eram escravos. O acontecimento deu-se por volta do ano 1250 a.C. É o acto fundador do povo de Israel.

LEVÍTICO

Levítico provém do nome Levi, a tribo de Israel que foi escolhida para exercer a função sacerdotal no meio do seu povo. Embora situado logo após o Êxodo e atribuído a Moisés, o livro do Levítico foi escrito depois do exílio na Babilónia. É composto por textos elaborados pelos sacerdotes através dos tempos: um ritual para os sacrifícios, um ritual para a consagração dos sacerdotes e critérios para distinguir o que é puro e o que é impuro. Termina com a Lei de Santidade.

O Ritual dos Sacrifícios apresenta uma classificação dos sacrifícios praticados em Israel e dão normas para as cerimónias com que são realizados.

Sacrifício é um acto pelo qual o homem oferece a Deus algo que ele estima muito, tornando-o sagrado. Tal generosidade atinge o máximo significado quando alguém se sacrifica a si próprio, em vista de outra pessoa ou de uma causa que poderá beneficiar a outros.

Holocausto é um sacrifício no qual a vítima é queimada completamente e sobe ao céu em forma de fumo. Trata-se de um gesto de homenagem, gratidão e súplica.

A imolação é um corte que se faz no pescoço da vítima para lhe retirar todo o sangue.

A oblação (ou oferta queimada) é própria de uma cultura agrária e consiste em oferecer alimentos e não animais. Uma parte era queimada (memorial) e o resto destinava-se aos sacerdotes. O fermento é proibido porque corromperia o alimento, enquanto o sal é obrigatório, porque o conserva e lhe dá sabor; além disso, é símbolo de amizade. As primícias são os primeiros frutos: porque são os melhores, oferecem-se a Deus como sacrifício.

O sacrifício de comunhão, também chamado sacrifício pacífico, caracteriza-se pelo facto de a gordura e o sangue, relacionados com o mistério da vida, serem reservados a Deus. O resto é consumido pelos sacerdotes, pelos ofertantes e suas famílias. O sacrifício terminava com a refeição, sinal de amizade de Deus com o homem.

NÚMEROS

Este livro chama-se Números porque começa com um grande recenseamento do povo hebreu no deserto.

Para os hebreus, a saída do Egipto foi uma lenta e penosa caminhada em busca de uma terra. Neste livro, a caminhada transforma-se em majestosa marcha organizada de todo um povo, como uma procissão ou exército. As tribos de Israel estão todas presentes, formando os esquadrões de Deus, cada uma com o seu estandarte e avançando em rigorosa formação. No centro de tudo vai a arca da Aliança.

Mostra-nos também este livro os fortes conflitos existentes dentro dessa organização e que os seus chefes estão sujeitos a fraquezas e desânimos, por mais importantes que eles sejam na comunidade.

DEUTERONÓMIO

A palavra grega Deuteronómio significa segunda Lei. Trata-se de uma reapresentação e adaptação da Lei em vista da vida de Israel na Terra Prometida.

Este livro nasceu muito tempo depois da situação histórica que nele encontramos (discurso de Moisés antes da entrada na Terra) e passou por um longo período de formação.

A ideia central de todo o livro é que Israel viverá feliz e próspero na Terra se for fiel à aliança com Deus; se for infiel terá a desgraça e acabará por perder a Terra. Deus é chamado Pai e os membros do povo são chamados, entre si, irmãos. A vocação do povo de Deus é a fraternidade e a partilha.

LIVROS HISTÓRICOS

Estes livros ocupam a maior parte do Antigo Testamento. Neles encontramos a história de Israel e do judaísmo, desde a conquista da Terra Prometida até quase à época do Novo Testamento. Podemos dividir este conjunto de livros em três grupos:


  1. Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis - Apresentam a história do povo desde a conquista da terra até ao exílio na Babilónia.
  2. 1 e 2 Crónicas, Esdras e Neemias - Abarcam o tempo do pós-exílio babilónico até meados do séc. III a.C. A preocupação básica é fundamentar a comunidade depois do exílio na Babilónia (Esdras e Neemias). Para isso, os autores repensam toda a história do povo, a fim de fundamentar a vida da comunidade judaica e a sua forma de governo, polarizada pelo culto no Templo de Jerusalém.
  3. Tobias, Judite, Ester - Mais do que história propriamente dita, estes livros são novelas ou romances. A sua intenção é apresentar modelos particulares de vivência e aplicação da fé dentro de situações difíceis, principalmente as enfrentadas pelos judeus fora da sua terra.
  4. 1 e 2 Macabeus - Relatam a resistência heróica de um grupo de judeus perante a dominação estrangeira que ameaça destruir a identidade cultural e religiosa da comunidade judaica.

LIVROS SAPIENCIAIS

«Sapienciais» é o nome dado a cinco livros do Antigo Testamento: Provérbios, Job, Eclesiastes (ou Qoélet), Eclesiástico (ou Ben Sirá) e Sabedoria.

A estes são acrescentados dois livros poéticos: Salmos e Cântico dos Cânticos. Estes livros apresentam a sabedoria e a espiritualidade de Israel.

JOB

Drama onde se discute a questão mais profunda da religião: a natureza da relação entre o homem e Deus. O povo de Israel concebia a relação com Deus através do dogma da retribuição: Deus retribui o bem com o bem e o mal com o mal. Contra isso se manifesta Job.

O livro foi provavelmente redigido, na sua maioria, durante o exílio, no séc. VI a.C. Como Job, o povo de Judá tinha perdido tudo: família, propriedades, instituições e a própria liberdade. Ora, tudo isso era garantido por uma concepção teológica vigente até esse tempo. E aqui entra a pergunta crucial feita por Satã: é possível ter uma relação gratuita com Deus, despojada de qualquer interesse? Todo o livro é uma busca para responder a esta pergunta.

SALMOS

O livro dos Salmos, com cento e cinquenta orações, é o coração do Antigo Testamento. É a grande síntese que reúne todos os temas e estilos dessa parte da Bíblia.

A palavra salmo quer dizer oração cantada e acompanhada com instrumentos musicais. Os salmos são também poesia.

PROVÉRBIOS

O livros dos Provérbios agrupa ditos, adágios, sentenças e algumas máximas mais desenvolvidas e é um verdadeiro resumo da sabedoria de Israel, na sua fase inicial.

Provérbio é uma frase curta, bem construída, geralmente composta por dois elementos que se contrapõem no paralelismo constante e se impõe pela forma breve e pela agudez das observações.

Os Provérbios não foram todos escritos por um mesmo autor e não pertencem todos à mesma época. A maioria nasceu da experiência popular, passou de boca em boca, foi depois recolhida, burilada e editada por sábios ou escribas profissionais, desde o tempo de Salomão (950 a.C.) até dois séculos depois do exílio (400 a.C.). Foram atribuídos ao rei Salomão por causa da sua fama de sábio mas um olhar atento  é capaz de distinguir colecções provenientes de tempos e autores diferentes.



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Criado em: 13/10/2009 • 22:41
Actualizado em: 04/11/2020 • 14:22
Categoria : ARTIGOS DE FUNDO


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Comentários


Comentário n°3 

GilTeixeira 30/11/2012 • 00:39

Meu Querido Zé Manel Ruas,

Com todo o respeito, e tu sabes que é enorme, talvez falte apenas uma pequeníssima vírgula no teu excelso e brilhante trabalho, a definição, ou explicação, de bíblia apresentada é a que decorre da confissão religiosa do catolicismo, ou mais latamente, cristianismo, e por isso se diz judaico-cristã, e que não coincide com a da confissão originária, o judaismo, uma vez que a bíblia destes, quiçá um livro de terror, como defende Saramago, termina, como dizes, e bem, na Tora.

Abração

Gil Teixeira

Comentário n°2 

Pedro Cruz 27/10/2009 • 18:28

Um trabalho de antologia e extremamente oportuno.

Parabéns!

Comentário n°1 

teresa leite 14/10/2009 • 21:58

belo trabalho,Zé Manel.Muito bem sintetizado.È o suficiente para ter uma ideia dos livros do Antigo Testamento e que é uma grande ajuda para quem não conhece.Ainda dá trabalho mas vale a pena...Vamos agora ao Novo Testamento...força
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