São necessários mais alimentos ricos em fibra e complementos dietéticos laxantes do que medicamentos para tratar este mal-estar
Um passo importante para evitar e tratar a prisão de ventre é rever a alimentação e observar se a quantidade de fibra consumida é a adequada. Numa dieta equilibrada, recomenda-se o consumo de 25 a 30 gramas de fibra por dia.
Esta quantidade pode conseguir-se sem dificuldade se se consumirem diariamente duas ou três peças de fruta, duas refeições onde entrem verduras (uma delas em forma de salada), cereais integrais em forma de pão integral, biscoitos, cereais no café da manhã, bolachas e até arroz e massa integrais. Os legumes também são alimentos ricos em fibra que convém consumir duas a quatro vezes por semana.
Com estes cuidados alimentares, e com os conselhos que se seguem, será mais fácil vencer os problemas relacionados com a prisão de ventre. Antes de mais nada, é preciso saber se realmente a pessoa sofre deste mal.
Há quem se preocupe muito com o funcionamento irregular dos intestinos, mas na verdade o ritmo intestinal é muito particular e pode ser normal um funcionamento de apenas três ou quatro vezes por semana.
Alimentos e remédios laxantes
As frutas frescas, os frutos secos, as hortaliças e verduras, assim como os legumes, são alimentos com abundante conteúdo de fibra. Dentro destes grupos, existem alguns alimentos que sobressaem pelo seu conteúdo neste composto, exclusivamente vegetal, e que vão ser mais úteis no momento de tratar a prisão de ventre.
Entre as hortaliças e verduras destaca-se a alcachofra (9,4 g de fibra/100 g). As frutas mais laxantes são os frutos silvestres, como groselhas, framboesas e amoras (aproximadamente 6-7 g de fibra/100 g), a laranja (8 g/100 g), a romã e o kiwi (3 g/100 g). A quantidade de fibra das restantes frutas ronda os 2 g/100 g.
Em geral, os frutos secos (amêndoas, pinhões, avelãs, nozes) e as frutas secas (pêssegos e damascos secos, ameixas, uvas e figos secos) são os alimentos mais ricos em fibra. O seu consumo deve ser moderado, já que os primeiros, os frutos secos, contêm muita gordura e podem, por isso, resultar calóricos e indigestos; os segundos são uma fonte concentrada de açúcares. Um punhado de frutos secos, cerca de 25 gramas, proporciona 2,5 a 4 g de fibra.
Dentro das frutas secas destacam-se as ameixas secas (16 g de fibra/100 g) e servem como base para diferentes remédios caseiros, como a compota de pêra ou maçã com ameixas. Além disso, as ameixas contêm sorbitol (um tipo de açúcar) e derivados da hifroxifenilxantina, substâncias que, juntamente com a fibra, estimulam a actividade dos músculos do cólon, o que favorece o funcionamento intestinal e evita a prisão de ventre.
Um bom prato de legumes equivale a aproximadamente 80-90 g e contribui com cerca de 10 g de fibra. Também é uma boa alternativa combinar legumes com verduras. Do mesmo modo, os cereais integrais são outros dos alimentos mais eficazes sendo, por isso, aconselhável escolher o pão, os biscoitos e as bolachas integrais e até a massa e o arroz. O consumo diário de iogurte ou outros leites fermentados também se recomendam porque ajudam a diminuir o tempo de passagem intestinal.
Um remédio caseiro muito simples consiste em deixar de molho aproximadamente cinco ameixas num copo de água durante 12 horas e comê-las, bebendo depois a água no jejum da manhã ou antes de se deitar. Também pode tomar-se, antes de ir para a cama, um sumo de laranja sem coar (para aproveitar toda a fibra presente na polpa) com duas ou três ameixas secas. Outros remédios caseiros resultam para muitas pessoas, como beber, ao pequeno almoço, um sumo de laranja ou um café e um kivi.
Complementos dietéticos
Pode acontecer que a dieta não seja suficiente. Nesse caso será um profissional quem deve avaliar a necessidade de tomar um complemento que contribua com uma quantidade extra de fibra. O farelo de trigo ou o de aveia são algumas das possibilidades. O farelo de trigo é a cobertura exterior do grão de trigo e uma das fontes dietéticas mais ricas em fibra insolúvel, eficaz para estimular os músculos intestinais e tratar este problema.
Pode apresentar-se sob a forma de comprimidos, cereais ou bolachas. Não convém exagerar-se e aconselha-se a não ultrapassar mais de 20-30 gramas por dia para não sentir flatulência, distensão e dor abdominal.
O glucomanano é outro dos complementos dietéticos mais utilizados em caso de prisão de ventre. Trata-se de um polisacárido proveniente de um tubérculo ("Amorphophallus konjac"). Este composto tem a particularidade de absorver água formando um gel espesso que aumenta o volume do conteúdo intestinal, o que acelera os movimentos intestinais e corrige o seu funcionamento. O uso habitual de complementos ou de medicamentos laxantes pode não ser a melhor solução a longo prazo; o segredo para tratar a prisão de ventre está em identificar a causa ou as causas que o provocam.
Prisão de ventre - o que é - como diagnosticar
Torna-se difícil defini-la dado que é um problema muito subjectivo, com sintomas e queixas muito particulares. Isto é, não se torna fácil concretizar o que é um hábito intestinal normal já que nele influem factores muito diversos.
Para facilitar o diagnóstico, considera-se que numa população sã, a frequência normal de funcionamento oscila entre três vezes por semana e três por dia, ocorrendo sem dificuldade em 75% das ocasiões. Se se verificar menos de três vezes por semana, considera-se que existe prisão de ventre.
Há momentos na vida em que ela pode estar mais presente. As crianças costumam ser vítimas privilegiadas; a gravidez também é um momento crítico e até com a idade tende a tornar-se crónica.