Um em cada 17 homens da bacia do Mediterrâneo tem um fenício como antepassado na sua linha paterna directa.
Os fenícios além de nos terem deixado o alfabeto e o amor pela cor púrpura, deixaram-nos também uma herança genética.
O Genographic Project (criado em 2005 pela National Geographic e IBM) veio mostrar isso mesmo através de um novo método analítico para detectar impactos genéticos subtis das migrações históricas humanas. O primeiro trabalho revelou o legado genético dos fenícios.
Os fenícios foram um povo misterioso que criou um vasto império económico e comercial no Mediterrâneo entre os anos 1550 AC e 330 AC. Ainda que se desconheça a sua verdadeira origem, crê-se que são oriundos da zona que hoje conhecemos como Líbano.
Expandiram-se por todo o Mediterrâneo fundando colónias que incluíam lugares tão remotos como o litoral espanhol além do estreito de Gibraltar. O primeiro sistema capitalista global controlou o comércio no Mediterrâneo durante cerca de 1000 anos até que os fenícios foram "corridos" por gregos e romanos.
Os fenícios organizavam-se em cidades-estado, mas reconheciam-se entre si como uma etnia e falavam um idioma comum. O fenício era uma língua semítica e a escrita utilizava um alfabeto próprio.
A este alfabeto devemos o alfabeto grego, hebraico e latino. O povo fenício contribuiu para criar um importante vínculo entre as civilizações mediterrâneas. No entanto, pouco se sabe delas.
Mesmo não dispondo de informação genética sobre este povo, o Projecto que realizou o estudo dispunha de informação histórica. Sabia-se que os fenícios eram nómadas e isto foi suficiente, juntamente com as modernas técnicas genéticas, para seguir o rasto deste povo.
O método de análise baseou-se na busca de sinais genéticos no cromossoma E dos homens de hoje (cromossoma que só se transmite por via paterna) em regiões nas quais se sabe que os fenícios viveram no passado.
O método revelou linhagens genéticas que partilhavam elementos comuns precisamente em colónias fenícias históricas, como no litoral do Líbano, Itália, Tunísia ou Espanha.
Tendo em conta estas linhagens os investigadores calculam que a contribuição genética fenícia é tal que pelo menos 6% dos homens das povoações modernas do Mediterrâneo têm antepassados fenícios directos.
O projecto está aberto ao público e quem desejar pode participar nele doando a sua própria informação genética. O kit de participação pode adquirir-se através do site: https://www3.nationalgeographic.com/genographic/lan/es/
O dinheiro obtido será utilizado em projectos culturais e na revitalização linguística de comunidades indígenas.
Fonte: National Geographic