Menu
Qui Quae Quod

Fechar Responsabilidade Social Corporativa

Fechar Multiculturalismo

Fechar ARTIGOS DE FUNDO

Fechar ARTIGOS DE FUNDO II

Fechar ARTIGOS DE FUNDO III

Fechar TENDÊNCIAS 21

Fechar CIBERDIREITOS

Fechar No gesto da procura

Fechar Os erros do ditado

Fechar Para ler e deitar fora

Fechar O canto dos prosadores

Fechar UTILITÁRIOS

Fechar Apresentações

Fechar CANCIONEIRO de Castelões

Fechar Coisas e loisas da língua portuguesa

Fechar DIVULGAÇÃO DE LIVROS

Fechar Delitos Informáticos

Fechar Encontros

Fechar JURISPRUDÊNCIA

Fechar Livros Maravilhosos

Fechar MANUAL DE REQUERIMENTOS

Fechar NeoFronteras

Fechar O canto dos poetas

Fechar Vinho do Porto

Fechar Workshops

Pesquisar



O Tempo

news_artigo.gifARTIGOS DE FUNDO -
Filhos que lêem

Os especialistas estão de acordo numa coisa: as crianças que lêem têm muitas vantagens escolares e emocionais.


Yolanda Reyes, escritora colombiana, fundadora de um projecto de animação para o incremento da leitura, ajuda-nos a pensar e a incentivar a leitura junto dos mais novos.

Porque é importante que uma criança leia?

- Por muitas razões: cognitivas, emocionais e culturais. Através da imaginação e de dar nomes ao que não existe, o pensamento humano pode transcender em todos os sentidos da palavra e lidar com categorias que não são tangíveis. Quando se abre a porta ao pensamento que chama o invisível, abre-se o mundo da cultura, a imaginação, a ciência, a literatura, a espiritualidade. A leitura e as histórias contadas pelos pais desde a primeira infância dão à criança o pensamento abstracto. E pelo lado do emocional, poder reconhecer, decifrar e saber que há outros que sentem o mesmo, é a melhor maneira de se aproximar dos sentimentos humanos e aprender a lidar até com o que não é fácil.

Os estudos demonstram que há baixíssimos índices de leitura e compreensão e nas famílias há muito poucos livros. Que estamos a fazer mal?

- A pobreza cultural é como uma doença genética: transmite-se de geração em geração. Por isso é um tema que tem a ver com o político e o social. No âmbito doméstico, penso que o momento no qual mais leitores se perdem é na alfabetização inicial, pois desconhece-se que ler é um processo de complexidade crescente e que não se aprende em 9 meses. Também por ausência de modelos adultos. Se para os pais a leitura não ocupa nenhum lugar na sua vida, é muito difícil que isso interesse aos filhos, mesmo que os enchamos de discursos...

E o que se passa nas escolas?

- A escola está centrada apenas na técnica e esquece o contexto. É como ensinar a nadar: ensinam-se os estilos mariposa, livre... mas também se ensina o prazer de desfrutar a piscina. Os livros são como a piscina, técnica apenas não serve para nada.

Um triângulo amoroso

O vínculo que se estabelece desde o nascimento do filho ou até antes, através dos contos, permite criar uma atmosfera íntima, diz Yolanda Reyes. Neste ambiente - em que as crianças têm os pais só para eles durante algum tempo - fundam-se as bases da sua futura capacidade como leitores. E aprende-se a associar a leitura com algo que dá prazer.

Que importância tem este triângulo amoroso entre os pais, o filho e o livro?

- Eu acho que é fundamental. É aí que está toda a magia da voz e o poder da comunicação.

Que significa para uma criança que os pais lhe leiam?

- É uma conversação profunda sobre a vida, em linguagem código, que permite deixar as pressas quotidianas e faz desaparecer a máscara domesticadora e educadora que todos nós, como pais, temos. A literatura permite dizer o que se sente, da coisa mais estranha até aos nossos medos.

Que importância tem na ligação entre pais e filhos?

- É impressionante. As crianças que são abraçadas e acariciadas pelos pais através dos livros, sempre associam a leitura a esse prazer e a esse abraço.

Que erros cometemos como pais no esforço para que sejam bons leitores?

- Obrigar a ler não funciona; seduzir e criar atmosferas para ler, funciona sempre. Não pode haver obrigatoriedade ou normas vazias, como «agora vamos todos ler 10 minutos». Um erro comum é pensar que todos temos que ser leitores da mesma maneira ou ler os mesmos textos ou que todos os filhos são iguais e o que o mais velho gosta o outro também vai gostar. Outro equívoco é pregar sem praticar. As crianças só acreditam naquilo que os adultos vivem.

Aprende-se a ler desde a primeira infância e não só na escola. Como favorecer este processo?

- Tudo o que se faça antes é importantíssimo. Para muitas crianças familiarizadas com os livros, aprender a decifrar alfabeticamente é facílimo. Toda a ligação emocional e o ambiente circundante são significativos, são uma couraça protectora e fazem com que uma criança pense que vale a pena fazê-lo. As crianças que tiveram leituras e as abraçaram sobrevivem aos professores mais nefastos. O que as protege é o que antes se fez e que se deve continuar a fazer.

Mesmo que a criança já consiga ler sozinha, é preciso continuar a ler-lhe?

- Sim, é importantíssimo continuar a fazê-lo, porque aí acontecem outras coisas. A leitura é alimento emocional, permite partilhar e criar atmosferas que de outra maneira não são fáceis de criar nesta vida moderna.

Que benefícios isso traz na aprendizagem da leitura e escrita?

- As crianças aprendem de forma natural a entoação, os matizes da voz, a pontuação, as ironias da linguagem, os sentidos conotativos e toda a consciência metalinguística. As rimas, por exemplo, fazem com que desenvolvam mecanismos de jogo que mais tarde os ajudarão a aprender a ler. As crianças a quem leram pensam na língua de uma maneira diferente, desmontam-na, jogam com ela, ampliam o vocabulário, as qualidades interpretativas, usam mecanismos de contextualização... não dão conta e vão começar a ler.

Pode recuperar-se um mau leitor?

- Pode-se sempre, como acontece com alguns adolescentes, quando descobrem que os livros  dizem algo à sua vida e que não têm a ver com a escola, mas com eles mesmos. Até há pais que se transformam em especialistas em literatura infantil, mesmo sem nunca terem lido os clássicos.

MÃOS À OBRA

Ler não é só pegar num livro. Também é muito bom contar ou inventar histórias, dizer quadras, jogos com palavras, adivinhas, ouvir canções ou cantar cantigas de embalar. Pode ser à hora da refeição, no caminho para a escola ou num simples passeio.
Criar uma pequena biblioteca
- Não deve faltar, desde o nascimento, um livro de poemas da tradição oral e de poesia de autor, livros de encantar ou poemas para dormir.
- Livros de imagens sem palavras, que a criança possa morder e dormir com ele.
- Livros-álbum, com texto e imagens, a partir dos 2-3 anos, com pequenas histórias relacionadas com a exploração do mundo.


Victoria Dannemann

 

 


Criado em: 18/03/2008 • 09:49
Actualizado em: 02/02/2021 • 16:15
Categoria : ARTIGOS DE FUNDO

Comentários

Ainda ninguém comentou.
Seja o primeiro!

Data Venia

Data Venia - Revista Jurídica Digital

SOS Virus

Computador lento?
Suspeita de vírus?

Fora com eles!
 
AdwCleaner
tira teimas!
--Windows--

Já deu uma vista de olhos pelas gordas de hoje?
 
diarios_nacionais.png


PREFERÊNCIAS

Voltar a ligar
---

Nome

Password



  As leis inúteis enfraquecem as leis necessárias  Pensamento de um Juiz
^ Topo ^